Dei comigo soluçando entre janelas ocas
Escondi-me p’ra não enfrentar a multidão
Despedaçado estava o laço das peles loucas
Restava agora o nada polvilhado de solidão!
Colhi as lágrimas que amachucavam
O lado esquerdo à sombra do peito
E no meu rosto já não poisavam
Gotas d’orvalho fresco, desfeito…
Os meus olhos alimentavam
O que um dia foi nosso, o anel
Em que os corpos encaixavam
Abafados entre favos de mel!
A saudade trazia a quimera
No olhar enlevado em flor
De voltar a ser primavera
E acender de novo o amor!
As mãos desenlaçadas
O peito continuava vazio
As bocas desencontradas
O amor morreu de frio!
Guardei todas as lágrimas no bolso
Nem tu as sentes, nem eu as ouço!
20.07.12