quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

NÃO TE QUERO (ASSIM)



Prefiro não te ter do meu lado
Se à escuridão não lhe inventas brilho
Se nas tuas mãos sou um verso adiado
Nos lençóis vazios que contigo partilho


Não, não te quero assim
Mesmo com a nossa tatuagem no ventre
Evitas de caminhar até mim
Mesmo que o sol pelo teu coração entre


Prefiro não te ter do meu lado
Do que ser mero brinquedo duma criança
Onde um futuro não tem destino traçado
Se um olhar a dois não alimenta esperança


Não, não te quero assim
Se sem espadas não consegues combater
Evitas de caminhar até mim
Se a chuva não estás disposto a vencer


Prefiro não te ter do meu lado
Se não tens força sequer p’ra acender a fogueira
Onde morro a cada inverno (con)gelado
E me visto d’almofada em branco a noite inteira

Não, não te quero assim
Com as mãos cheias de nada
Sem aroma a rosas ou jasmim
Sem corpo e sem alma lavada


Prefiro não te ter do meu lado
Se não tens chave p’ra abrir a porta
Se és um cacto no descampado
E ao mínimo rasgo o vento te corta

Não, não te quero assim
Nem que tragas no peito mil poemas d’amor
Com pitada de canela e alecrim
Porque sei que no verão deixas fugir o calor


Não, não te quero assim
Prefiro não te ter do meu lado
Evitas de caminhar até mim
Se o nosso relógio está parado

Prefiro não te ter do meu lado
Do que ser as curvas sem resolução
Num livro de rascunho rasgado
Olhando p’ra trás na altura d’afirmação!


Não, não te quero assim
Mesmo que ouses sorrir
E a tua pele chame por mim
Eu vou deixar-te (part)ir!...

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