segunda-feira, 21 de novembro de 2011

SOL DE ALGUÉM




Tu
Que beijas com prazer o chão que pisas
Como fazes a cama gelada onde te deitas
Tu
Que cego só vês as curvas da estrada
Sem contornos delineados
Tu
Que bebes em goles negros as gotas ácidas
Soltas pela tempestade que te enxuga a alma
Tu
Que olhas o destino como certo sem final traçado
E te guias pela cigana lendo a sina à palma rasgada
Tu
Que te moves pelos quadradinhos selados
Pelo cadeado moribundo ocultando a luz
Tu
Que te chamuscas ao sol desprotegido
Soletrando o risco a par da solidão
Tu
Que sangras como mulher menstruada
Desses olhos atormentados de olheiras
Tu
Que te crucificas na tua própria sepultura
E descompões com arranjos o teu cadáver

Agora
Que sei que te feri
Mais que os cinco sentidos
Levanta-te

Galvaniza-te à minha decadente linguagem
Numa luta acesa contra a guerra
Ergue-te ao templo dos Deuses
Idolatra a água viva da nascente
Impõe a raça branca à tela da vida
Dá a mão às sete cores do arco-íris
E constrói…

Constrói a cada passo
O telhado da tua própria casa.

20.11.11

“Por mais longa que seja a noite o sol volta sempre a brilhar.”  
F. A. Fracasso

KEANE - SUNSHINE
-> https://www.youtube.com/watch?v=0idn1SpsTGo
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...