sexta-feira, 18 de maio de 2012

(DESPI-ME DOS OUTROS E) VESTI-ME DO QUE O MEU CORPO PEDIA

O relógio da igreja marcava as nove badaladas.
Naquele domingo o sol tinha nascido nos meus olhos.
Já havia morrido tantas vezes!...
Acordei com vontade de renascer. Precisava de me sentir bem! Precisava simplesmente de me sentir, mulher! Era o meu dia!
Despi-me dos outros e vesti-me do que o meu corpo pedia!

Necessitava de recuperar a autoestima. Sentirmo-nos bem ajuda bastante na relação connosco próprios.
Abri o armário e escolhi o meu melhor vestido. Azul, a minha cor preferida!
Enfeitei-me um pouco (mais) de alto a baixo. Coloquei um batom brilhante como o sorriso que se alastrava pela minha face rosada. As minhas unhas pinceladas da cor do vestido e das pulseiras e os saltos altos abrilhantavam a minha sensualidade. Deixei o cabelo solto, ao natural.
Admiro a minha simplicidade!
Estava preparada para enfrentar o mundo com uma passada firme, confiante!
Deparei-me, desde logo, com os meus pais, curiosos, a questionar o porquê de me vestir e arranjar daquela forma (simples, mas diferente do habitual).
Limitei-me a mostrar o sorriso que me enchia o olhar e a responder:
- Precisava de me sentir bem… e comecei hoje esta minha caminhada!
Calados, não se opuseram e eu sei que eles, no fundo, ficaram felizes por mim, assim como eu! Pela atitude, pela mudança, por querer cuidar de mim e sentir que isso é importante!
Perante o olhar aceso de muitos ao longo do dia, espanto e elogios habitavam a boca dos que me abordavam e dos que guardavam para si as suas opiniões - irrelevantes -denunciadas pelos olhares que muito dizem!
O maior elogio era, sem dúvida, o MEU!
HOJE SOU, MULHER!
    

                                     
                                                      18.05.12



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