Pinga no meu decote
A minha blusa
Timidamente
Insiste em recitar-te infinitos versos à beira-mar…
Dentro das minhas mãos
Cabe apenas o melhor do teu rosto
Nu(m) olhar perplexo
Uns lábios temperados, carentes…
Só o cheiro a Dolce
& Gabbana Light Blue
Dos nossos interstícios
Polvilha o horizonte…
Nada quer adormecer a esperança
Que se pinta em tons ruivos
Em lençóis vivos, vagabundos…
Por mais erros, promessas, injúrias
E gritos de revolta
Ninguém quer adormecer a esperança
Mas ninguém lhe toca
E só o silêncio ao de leve, a alcança!
O barco ontem preso à orla
Soltou as amarras e partiu
Com rosas desfolhadas na bagagem
Amorfa talvez, vazia…
O “amanhã” encarregar-se-á de trazer outras paisagens
Outros passos definirão novos caminhos…
O tempo mais forte
Dentro daquele barco
Agiu
Apressou-se
Fugiu descompassado
Longe
(de qualquer pedaço)
De nós…
Adivinho o próximo inverno
Friamente lento
De troncos abandonados
Asas fragmentadas
Em rumos opostos
Rostos pálidos em amargos de bocas arrependidas…
Claridade algures
Entre o verão e a primavera…
06.01.13