Quando estás
rodeado de solidão
Todos os
apertos de mão são em vão
Não há
janelas abertas, apenas a alma nua
E um convite
explícito para a porta da rua...
O que te
conduz até aos outros é inútil
Qualquer
argumento mastigado é fútil
Quando sabes
que existe um muro
A toldar a
visão agreste do futuro...
Que vida é
essa que se diz em sociedade?
Que conforto
nos dá o vazio das gentes
Que
percorrem caminhos sem responsabilidade
E evitam o
confronto de várias frentes?
Que geração é
esta e qual virá depois?
A liberdade
é individual mas também a dois
Não são
mentes caladas que traçam projetos
É preciso
debate para não se iniciarem as casas pelos tetos...
O que é que
tens a dizer daquilo que vês?
Das revistas
cor-de-rosa e dos livros que lês?
Apetece-te
rasgar logo ou guardar tudo
E emoldurar a
arte num quadro mudo?
Que mensagem
queres passar
A quem te
cumprimenta e passa?
Que cultura
estamos nós a criar?
Que terra
amarga, infértil e lassa!
Sabes que
não há beleza
Num solo cultivado
sem amor
Assim como há
a certeza
Que a
primavera só é bela dando flor...
Que dizer de
todas as dores
Que se
espetam entre os dedos
Serão só
medos e segredos
Ou calos
acesos em dissabores?
Que povo é
este que se vai deitar
E não pensa em
abraçar e partilhar?
Questionas
tu e questiono eu
Este planeta
não é só meu!
Há imensas
mesas e salas vazias
Mortes de
pessoas vivas e frias
Que se
deixam ir na corrente
De ser pó
num corpo ausente...
Se existe o
conceito de sociedade
Observa-me
muito pouco
O mundo está
doente e louco
Ninguém sabe
o valor da solidariedade.
26/03/2021