Olhei vezes sem conta o teu retrato
Ponderei se o que sentia por ti
Era concreto ou abstracto
Amedrontei-me em segredo
Não porque tinha medo
Não era medo nem rancor
Era a descoberta do sentimento amor
Gritei por ti sem sentido
Até ficar rouca
Pena nunca me teres ouvido
Peguei na tua roupa
Só para sentir o teu perfume
Mesmo que por dentro
Me queimasse como lume
Libertei-me dos lençóis onde dormias
Porque eu já não tinha forças
Para viver os meus dias
Os meus dias que já foram nossos
E já não são
Mas nada foi em vão
Ajoelhei-me e elevei-te
Na minha memória
Pedi por tudo para voltares
Para continuarmos a nossa história
Confesso que chorei
Ao ler as cartas que me deixaste
Rasguei-as para ver se te esquecia
Queimei tudo o que me tinhas dado
Tudo o que me consumia
Para fugir do que sentia
Rasguei simplesmente
Para te tornares indiferente
Mas não és, nunca foste
Nunca serás
Deixo o que ficou para trás
Entrego-me da cabeça aos pés
Porque és a pessoa que amo
Por quem desespero e chamo
Todas as noites ao deitar
Faltas lá tu
Com os teus braços
Para me confortar
E eu dizer-te baixinho:
Preciso de ti para viver…
Confesso e jamais me despeço
Porque quem ama nunca se despede
Vou à luta
Nada me impede!
JARDINS PROIBIDOS - PAULO GONZO
http://www.youtube.com/watch?v=yoITvIetPs4