Faço-te num fado
As tuas linhas, todas, do corpo
De pau santo, generosa e presumida
Guitarra rendida, d'encanto
Em teus olhos reluzentes, esbatido...
Ao som das cordas da guitarra
Choram viúvos os olhares
No deserto a cor de uma viagem
Onde se perdem os acordes
Num instante clamor
Olho em teu redor
Divago em cada traço
E perfumo-te com a minha essência
De poeta velho, angustiado
Por não conseguir fazer deste espaço
De todos os lugares do mundo, o mais apaixonado...
Abusa da minha paixão
Usa o excesso que há em mim
E enxovalha as pautas que sigo como cânones
Sou o desdém do amor
Sou quem mais te toca e apela ao esconder de tal perfeição
Como se fosses a alquimia que procuro…
Reclama as notas musicais
Que caem dos meus lábios como absinto
Aperta-me em gestos suaves
Dança comigo em palavras
Na loucura dos enamorados
Onde os mapas se lêem dentro do silêncio
Porque em uníssono
Em silêncio
Somos tudo!
03.03.13