terça-feira, 4 de julho de 2023

PALCO DO PRAZER

 




Já o meu olhar entreabria a cortina do teu corpo

Quando entravas em cena

Deslumbrante como só tu sabes ser

A tua boca quente sussurrava:

Não há limites no palco do prazer!

 

Acenavas-me em gestos mornos

Os teus lábios pediam os beijos mais acesos

Numa orquestra mágica ensaiada

Sem aviso prévio nem licença poética

Com a máxima ousadia e sensualidade

As máscaras eram apenas acessórios

Espalhados entre sete paredes de pecado…

 

Naquela noite não éramos atores

Somente amantes e poetas loucos

Donos de sonhos ardentes

Em salas rendidas de afagos

Éramos simplesmente nós…

 

Dedilhávamos ousadas danças a sós

- Quiçá algo mais atrevido no momento -

O aconchego afável das tuas mãos

Trazia-me uma melodia interminável

Dominada pela tua voz no meu ouvido

Os trajes arrojados soltavam-se

A um ritmo alucinante

E davam lugar a sorrisos e gemidos contagiantes!

 

Não ligávamos à plateia

Apenas apreciávamos a pornografia

De estarmos bem vivos

E sermos submissos um do outro

Ao descobrirmos as maiores tentações

Lado a lado num caminho sem destino!

 

O cair do pano era apenas mais um pretexto

Para recomeçarmos vezes sem conta

A cortina já conhecia os nossos passos

Ao som de todos os atos e fantasias

Ofereciam-nos pétalas de rosas rubras

E continuávamos a ser felizes

Entre jogos de sedução e eternos aplausos!

 

04/07/23

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