segunda-feira, 5 de abril de 2021

SOCIEDADE

 



Quando estás rodeado de solidão

Todos os apertos de mão são em vão

Não há janelas abertas, apenas a alma nua

E um convite explícito para a porta da rua... 

 

O que te conduz até aos outros é inútil

Qualquer argumento mastigado é fútil

Quando sabes que existe um muro 

A toldar a visão agreste do futuro... 

 

Que vida é essa que se diz em sociedade? 

Que conforto nos dá o vazio das gentes 

Que percorrem caminhos sem responsabilidade 

E evitam o confronto de várias frentes?

 

Que geração é esta e qual virá depois? 

A liberdade é individual mas também a dois 

Não são mentes caladas que traçam projetos 

É preciso debate para não se iniciarem as casas pelos tetos... 

 

O que é que tens a dizer daquilo que vês?

Das revistas cor-de-rosa e dos livros que lês? 

Apetece-te rasgar logo ou guardar tudo 

E emoldurar a arte num quadro mudo? 

 

Que mensagem queres passar

A quem te cumprimenta e passa? 

Que cultura estamos nós a criar? 

Que terra amarga, infértil e lassa!

 

Sabes que não há beleza

Num solo cultivado sem amor 

Assim como há a certeza 

Que a primavera só é bela dando flor... 

 

Que dizer de todas as dores 

Que se espetam entre os dedos 

Serão só medos e segredos

Ou calos acesos em dissabores? 

 

Que povo é este que se vai deitar 

E não pensa em abraçar e partilhar? 

Questionas tu e questiono eu

Este planeta não é só meu! 

 

Há imensas mesas e salas vazias

Mortes de pessoas vivas e frias

Que se deixam ir na corrente 

De ser pó num corpo ausente... 

 

Se existe o conceito de sociedade

Observa-me muito pouco

O mundo está doente e louco

Ninguém sabe o valor da solidariedade. 



26/03/2021

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