No início era uma força subtil que me conduzia
ao encontro do teu rosto. Pouco interessava o teu nome ou as vestes que
trazias. Apenas sabia que dos teus lábios se adivinhavam sorrisos como se
fossem rosas vermelhas a entreabrir, num perfeito dia de sol, à beira-mar.
Imaginava os nossos beijos adocicados, banhados em favos de mel e o toque das
tuas mãos como poesia em lume brando, onde eu aquecia as noites de inverno.
Desde que te contemplei ao pormenor, nunca mais
fui a mesma. No cais dos meus olhos corriam intermináveis sonhos em tons de
arco-íris e, as dúvidas convertiam-se facilmente em certezas, de que o caminho
seria mais risonho do teu lado. Os teus pés dedilhavam trilhos destemidos,
quase perfeitos, os medos dissipavam-se e os meus passos agigantavam-se com a
melodia da tua presença.
Cultivei dentro de mim o meu amor por ti. As
sementes cresciam com o brilho dos olhos. Eu regava esse amor todos os dias,
mais do que a mim própria. Ele florescia, eu esmorecia.
O teu olhar não compreendeu, o teu corpo não
cedeu ao encanto do meu e o amor arrefeceu. Não contemplávamos o mesmo céu. O
meu amor morreu por falta do teu.
Logo me afastei, doeu muito mas, enfrentei e
aceitei. Outras sementes deitei. Pisquei o olho ao amor-próprio e outra paixão
cultivei. Perdi(-te), mas ganhei(-me)!