quarta-feira, 4 de setembro de 2013

REFÚGIO E LIBERTAÇÃO ANGELICAL(MENTE)






  Todas as noites contemplava Angelica. Nunca me atrevi a perguntar-lhe o nome mas, batizei-a assim, pelo seu ar angelical.
  Seus cabelos soltos eram fios doirados, genuínas barbas de milho e os olhos de amêndoa tão doce transportavam-na para o algodão das nuvens que, tocava com as suas mãos delicadas. Pisava o céu como se fosse seu, suave e livremente. Adivinhava-lhe o largo sorriso pelo rosto aceso ao compasso da lua. Possuía uma silhueta perfeita com contornos bem delineados.
  Não a invejava, pelo contrário, admirava-a! Fascinava-me o seu ar descontraído com pitada de sensualidade e ousadia.
  Angelica debruçava-se sobre a janela do quarto e folheava um livro de poesia até à chegada da lua. Despudorada, bebia uns goles de vinho tinto, rodopiava entre os degraus da solidão e subia até ao paraíso. Aos poucos, desabotoava a seda que a cobria e renascia, como se fosse alma e coração ao mesmo tempo. Como se o tempo veloz parasse e não fosse mais tempo. O vento só lhe soprava os cabelos, os sonhos permaneciam no mesmo lugar. Era ali, em plena noite, que queria realizá-los.
Abraçava com ternura, as ruas e os laços numa dança contagiante. Meu corpo sorria e também balançava…
  Eu encontrava-me no seu horizonte mas, de tão entretida que estava ela nem sequer dava por mim.
  Todas as noites, éramos retalhos de vida angelical(mente), refúgio e libertação.


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