segunda-feira, 27 de agosto de 2018

SINAIS DO TEMPO




Há um fio que interrompe o silêncio
Há sinais que quebram a fala
É o tempo invadido pelo demónio
Que esta noite emerge e me cala.

São vozes que vêm de todos os lados
Numa dormência que de alto a baixo me embala
Onde estão os quadros outrora delineados?
Há rasgos de suor e sangue pelas paredes da sala.

Trago a pele engelhada pelos sinais do tempo
Nunca fui de abdicar dos meus planos
Não me revejo no espelho fragmentado do momento
Sou eu que estou a causar meus próprios danos.

A camisa amarrotada não me seduz
Nem as calças rasgadas a meio
Trago o peito em ponto cruz
Almejo cravos rubros no meu seio.

Quero o agridoce das experiências
Renascendo as vezes que forem preciso
Não pretendo dominar todas as ciências
Só extrair o melhor de tudo com um sorriso.

Não é a dor que me emudece
Tampouco a solução apontada pela bala
Esse olhar desviado só me empobrece
Prometo que ainda hoje vou fazer a mala.


Um novo dia nasceu mais cedo que os restantes
O meu brio correspondeu à chamada do sino
Para mim já não existem palavras gritantes
Dizem que fui por aí lutar pelo meu destino!



19.08.18

1 comentário:

  1. Palavras que chegam com sentimentos
    E deixam coração de leitor carente
    E a alma a pedir mais e já ciente
    Os próximos serão para mim alimentos...

    João Furtado
    http://joaopcfurtado.blogspot.com/

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